Sara Antunes, que já nos havia encantado ontem com Negrinha, hoje nos levou ao mais delicado arranjo de lembranças, desejos e hipóteses construído de/sobre palavras. Interagindo com o público e tecendo a partir desta intervenção toda a “dramaturgia” do espetáculo, Sara demonstra, como já o havia feito no espetáculo anterior, um domínio absoluto sobre este difícil e arriscado jogo. Como nos antigos desenhos para bordar, ela preenche, a partir de um contorno delineado, todo o espetáculo.
Prólogo
O ATOR E AS CIDADES
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade
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A arte do ator é feita de chegadas e partidas, a cada cidade uma nova experiência, em cada uma ele deixa um pouco de si e leva um pouco de tudo: rostos, risos, lágrimas, histórias, vivências, sensações. O trânsito, a mobilidade é a pátria do despatriado ator, vagar entre culturas, costumes e tempos diferentes é sua sina e paixão, pois ele se compõe e recompõe de cada momento. Tolo é aquele que pensa que a arte morre, tem seu lugar determinado por marcas geográficas, por cronologias... a arte foge de todo e qualquer enquadramento, não cabe no mapa, pois é cigana, não (re)conhece fronteiras, ela se constitui a partir do trânsito, do vagabundear do ator, seu veículo. Em sua carne e expressões ela ganha corpo e reflete os rostos de todos os homens de todos os tempos, arguta e criativa, ela mimetiza o mundo e esse seu habitante conturbado, o Homem e é adsorvida por ele.
A 24ª Semana Luiz Antônio traz a criativa itinerância que brota da releitura de grandes clássicos, de personagens que vagaram pelo mundo e foram incorporando os novos tempos, as novas cidades e estéticas. Em seus corações pulsam as lembranças da origem, mas em suas vestes o novo, o arrojado trânsito por locais insondáveis. E como diz o poeta:
a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa.
Ferreira Gullar
Evoé! e muita Lu(i)z...
Flávia Marquetti
sexta-feira, 24 de junho de 2011
UM OLHAR TECIDO EM SONHOS ... PARA VESTIR
Sara Antunes, que já nos havia encantado ontem com Negrinha, hoje nos levou ao mais delicado arranjo de lembranças, desejos e hipóteses construído de/sobre palavras. Interagindo com o público e tecendo a partir desta intervenção toda a “dramaturgia” do espetáculo, Sara demonstra, como já o havia feito no espetáculo anterior, um domínio absoluto sobre este difícil e arriscado jogo. Como nos antigos desenhos para bordar, ela preenche, a partir de um contorno delineado, todo o espetáculo.
Lindas palavras sobre nosso trabalho Flávia.Adoramos estar com vcs todos e deixar muitos sonhos em aberto para serem vestidos!!!
ResponderExcluirBjs e obrigada
Analu Prestes
Foi imposivel não tirar os olhos de Sara Antunes, imposivel não desgrudar os ouvidos das cada palavra dita, de cada nota emitida pelo piano ... Maravilhoso, espetacular, e IMPOSIVEL de não se APaIXONAR ...
ResponderExcluirAlimentando sonhos!!!
ResponderExcluirDesde o "Café de Investigação" Sara Antunes nos motivou a sonhar e a realizar o que se sonha. Durante o espetáculo ficou claro a realização de um sonho! Bem sonhado!