Como nas feiras de Ruão, o fio condutor dos atores é a história do Mestre Pierre Pathelin, um advogada charlatão, que vem recheada de piadas e brincadeiras grosseiras (bem no espírito das farsas da Idade Média), canções, técnica circense, música ao vivo (destaque para a “banda” composta por um elemento, Robson Toma, que confere todo um colorido à ação), além de muita energia e irreverência de todo o grupo.
No espetáculo da Praça Pedro de Toledo, a criatividade e a presença de espírito dos participantes ficaram evidentes, graças à intervenção de um andarilho, que tentou roubar a cena, mas foi batido pelo quarteto. Essa espirituosidade é imprescindível para a realização de espetáculos em praça, sem ela todo o projeto naufraga, o que é claro não ocorre com o Grupo Rosa dos ventos.
O Grupo, divertido e muito à vontade, foi um espetáculo já na passagem de som, sorte de quem chegou cedo e pegou a “primeira parte” desse improvisado espetáculo. O cenário, os figurinos e maquilagem dão o arremate nesta gostosa farsa, tudo aparentemente muito simples, mas de funcionalidade perfeita para a condução da peça e para o riso da platéia.
Para os que viram o Grupo Galpão, ontem, e o Grupo Rosa dos Ventos, hoje, pode se considerar um felizardo, pois em menos de 48 horas pode experimentar as delícias do teatro da Idade Média, sem os seus riscos. Estéticas bem diferentes, que mantiveram nos espetáculos a essência das propostas Medievais, ao mesmo tempo, que as contextualizaram para o público de hoje.
Flávia Regina Marquetti