Com crônicas de Nelson Rodrigues sobre o futebol, muito bem escolhidas, o timão da Inadequada mostrou muita raça em campo, sabendo aproveitar a grande paixão do brasileiro e toda a codificação de gestos e expressões que compõem esse universo em arte. Desprovidos de cenário, iluminação, objetos cênicos, os atores contam apenas com seus corpos e indumentária, um simpático uniforme de futebol, com meias de várias cores e nas costas de cada participante números que formam a palavra GOOL!, de ponta-cabeça, grande sacada. A Inadequada conseguiu, com esses poucos recursos, um belo espetáculo.
Prólogo
O ATOR E AS CIDADES
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade
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A arte do ator é feita de chegadas e partidas, a cada cidade uma nova experiência, em cada uma ele deixa um pouco de si e leva um pouco de tudo: rostos, risos, lágrimas, histórias, vivências, sensações. O trânsito, a mobilidade é a pátria do despatriado ator, vagar entre culturas, costumes e tempos diferentes é sua sina e paixão, pois ele se compõe e recompõe de cada momento. Tolo é aquele que pensa que a arte morre, tem seu lugar determinado por marcas geográficas, por cronologias... a arte foge de todo e qualquer enquadramento, não cabe no mapa, pois é cigana, não (re)conhece fronteiras, ela se constitui a partir do trânsito, do vagabundear do ator, seu veículo. Em sua carne e expressões ela ganha corpo e reflete os rostos de todos os homens de todos os tempos, arguta e criativa, ela mimetiza o mundo e esse seu habitante conturbado, o Homem e é adsorvida por ele.
A 24ª Semana Luiz Antônio traz a criativa itinerância que brota da releitura de grandes clássicos, de personagens que vagaram pelo mundo e foram incorporando os novos tempos, as novas cidades e estéticas. Em seus corações pulsam as lembranças da origem, mas em suas vestes o novo, o arrojado trânsito por locais insondáveis. E como diz o poeta:
a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa.
Ferreira Gullar
Evoé! e muita Lu(i)z...
Flávia Marquetti
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Inadequada Futebol Clube (Cia Inadequada - São Paulo / SP)
Com crônicas de Nelson Rodrigues sobre o futebol, muito bem escolhidas, o timão da Inadequada mostrou muita raça em campo, sabendo aproveitar a grande paixão do brasileiro e toda a codificação de gestos e expressões que compõem esse universo em arte. Desprovidos de cenário, iluminação, objetos cênicos, os atores contam apenas com seus corpos e indumentária, um simpático uniforme de futebol, com meias de várias cores e nas costas de cada participante números que formam a palavra GOOL!, de ponta-cabeça, grande sacada. A Inadequada conseguiu, com esses poucos recursos, um belo espetáculo.
Realmente Flávia, concordo contigo em alguns pontos, porém, o que vi em alguns momentos foi um nervosismo e falta de um jogo maior com a "rua" que os cercava. Me senti um tanto sem função enquanto platéia com o que acontecia em outros pontos da platéia....a proposta de ser quase um "poeta" ao pé do ouvido é muito legal, mas deveria ter alguma outra coisa acontecendo para que a platéia não ficasse entediada com a espera de estar na próxima roda de atentos.
ResponderExcluirGente, não dá p dizer que o "caos" no qual se transformou essa apresentação foi algo interessante de ser visto. Salvo todas as considerações da crítica, os textos, e o jogo de cintura dos atores, muita gente que tinha ido conferir foi embora, ou não se prendeu a apresentação.
ResponderExcluirVálido foi para o pessoal que freqüenta a fonte luminosa aos domingos fazer uma "farrinha" digamos, um tanto mais cultural.
Onde estava o juiz para apitar e botar ordem naquela bagunça? Teatro essencial para o publico da fonte luminosa nem mesmo a rainha Denise Stoklos.
Não dá pra ser otimista não. O rendimento do grupo foi bom, de fato, mas o publico mesmo aproveitou em doses absurdamente homeopáticas.