Por falar na gestualidade, o grupo todo apresentou uma sincronia na repetição de alguns gestos e mesmo no que chamei de ciranda das cenas maravilhosa. Como tudo no espetáculo de um cuidado minucioso, primoroso, uma jóia. Eu costumo fazer destaques de coisas que me chamam a atenção nas peças, nesta não consegui, o conjunto todo de Escuro é o destaque.
Quanto ao que você postou Zé Guilherme, muito boa leitura, toda as cenas da peça são arranjadas de forma a que as vejamos de vários ângulos, mas têm algo de imobilidade, de instantâneo, como fotos, que muito bem podem ter sido feitas pelo personagem do fotógrafo, mesmo porque havia uma ou várias fotos que estavam em cena, na mão das demais personagens, que nós não vimos e que bem podem ser as cenas mostradas.
Sua leitura das fotos também me levou a outra reflexão. Eu havia visto no título, Escuro, a idéia de imobilidade, de medo, fragilidade e até desespero que nos acomete quando ficamos em um local sem qualquer iluminação, mas com a sua sugestão me veio também a da câmara escura, usada para revelar as fotografias feitas com máquinas como a que portava o fotógrafo e por oposição o que não é visto nos é revelado na peça.
A idéia da circularidade do texto, que vai como numa espiral “apertando” as informações para chegar à mesma cena do início é excelente, sobretudo, porque deixou o final em aberto, havia vários personagens que poderiam ter sofrido o “acidente” na piscina, com exceção da Secretária que está ao microfone. A teia dramatúrgica criada por Leonardo Moreira é mágica, pois consegue não ser cansativa e nos prende sem que sintamos o tempo, por incrível que pareça, ela durou 1h30. Um trabalho de joalheria, é a palavra que melhor define Escuro, sinto muito pelos que não viram.
Achei a peça lindíssima! Até agora estou pensando sobre o espetáculo delicado, divertido e que me emocionou muito. Acho que o tema da peça nào é a deficiência, mas a diferença entre nossa alma e nossa língua.
ResponderExcluirFiquei pensando na secretária e sua submissão, na fanha e sua vontade de cantar, no menino que perde os óculos, na linda loira que cuida da irmà deficiente, na cega que fala no microfone do clube, nas duas mulheres infelizes. Tudo é tão bem construído, tão bem acabado. Os atores estão ótimos, maravilhosos! Até achei que a atriz que faz a Flávia fosse cega mesmo. Ela é? Achei a dramaturgia ótima também, com as cenas repetidas até formarem a fotografia do começo.
Genial! É bom ver peças assim. Ainda estou pensando.
caraca .... simplesmente impecável ... espetaculo maravilhoso ...
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