Prólogo

O ATOR E AS CIDADES

O homem está na cidade
como uma coisa está em outra
e a cidade está no homem
que está em outra cidade

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A arte do ator é feita de chegadas e partidas, a cada cidade uma nova experiência, em cada uma ele deixa um pouco de si e leva um pouco de tudo: rostos, risos, lágrimas, histórias, vivências, sensações. O trânsito, a mobilidade é a pátria do despatriado ator, vagar entre culturas, costumes e tempos diferentes é sua sina e paixão, pois ele se compõe e recompõe de cada momento. Tolo é aquele que pensa que a arte morre, tem seu lugar determinado por marcas geográficas, por cronologias... a arte foge de todo e qualquer enquadramento, não cabe no mapa, pois é cigana, não (re)conhece fronteiras, ela se constitui a partir do trânsito, do vagabundear do ator, seu veículo. Em sua carne e expressões ela ganha corpo e reflete os rostos de todos os homens de todos os tempos, arguta e criativa, ela mimetiza o mundo e esse seu habitante conturbado, o Homem e é adsorvida por ele.

A 24ª Semana Luiz Antônio traz a criativa itinerância que brota da releitura de grandes clássicos, de personagens que vagaram pelo mundo e foram incorporando os novos tempos, as novas cidades e estéticas. Em seus corações pulsam as lembranças da origem, mas em suas vestes o novo, o arrojado trânsito por locais insondáveis. E como diz o poeta:


a cidade está no homem
quase como a árvore voa
no pássaro que a deixa.

Ferreira Gullar



Evoé! e muita Lu(i)z...



Flávia Marquetti



quinta-feira, 24 de junho de 2010

9º Cruzamento - Os Satyros e Silvia

É verdade, Silvia, que muita gente ficou de fora do espetáculo dos Satyros, mas não creio que os 124 espectadores ali presentes não estivessem DE FATO querendo vê-lo, se assim fosse não teriam chegado às 18h e ficado por mais de 3h esperando na fila. Outra coisa que me deixa abismada é que se fale tanto de respeito ao público e não se respeite o formato escolhido para o espetáculo. Hipóteses é um espetáculo intimista, em São Paulo é feito para 60 pessoas, o Grupo aceitou dobrar o número de espectadores para a XXII Semana, mas querer que eles descaracterizem sua própria proposta é não respeitar o que se diz querer ver. Mas se não foi possível vê-los aqui, sempre é possível ir a São Paulo, onde o espetáculo fica até o fim do ano e no seu formado mais apropriado, para 60 pessoas, e em um ambiente que se tentou reproduzir aqui, mas que lá é o ideal.
Flávia Regina Marquetti

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