“De todas as glórias, a menos enganadora é a que se vive.
O Ator escolheu, pois, a glória inumerável, a que se consagra e que se experimenta.”
A. Camus, A Comédia.
Ao abrir este espaço para discussão do fazer teatral, sinto um enorme prazer e responsabilidade, prazer, claro, em dividir com todos os que amam o teatro as experiências vividas com as apresentações que farão parte desta 22ª Semana Luiz Antônio; responsabilidade por “encarnar” a mediadora entre os sonhos dos primeiros realizadores da Semana Luiz Antônio e seu público atual.
Para aqueles que não conhecem a história da Semana Luiz Antônio Martinez Corrêa talvez este pareça ser apenas mais um evento cultural de nossa cidade, mas a SLAMC é muito mais, ela foi o ponto de partida para a criação de uma associação, sem fins lucrativos e a partidária, dos artistas e produtores de artes em Araraquara, APAU de Arara, que lutou por mais de dez anos por uma proposta cultural para a cidade, além da reabertura do Teatro Municipal, fechado na época, a criação de cursos voltados para as artes e o fazer teatral que capacitassem seus profissionais e, ainda, que se respeitasse o nome do patrono da Casa da Cultura, Luiz Antônio Martinez Corrêa.
Ao longo desses anos, a realização da Semana Luiz Antônio contou com o empenho e a arte de muitos, artistas ou não, profissionais e técnicos das mais diversas áreas que unidos promovem um encontro cheio de Encanto e cuja Ação tem a Arte como ponto de partida e de chegada. E é a esses personagens todos, reais ou fictícios, que nasceram e desapareceram nas praças, bairros, tablados e palcos, alimentados pela carne, sangue e alma de atores ilustres ou não, que eu venho reverenciar, pois se a luta foi feita por homens, o veículo sempre foi a glória fugaz de um gesto perfeito que morre no momento seguinte, restando quando muito uma foto, petrificando a emoção.
Falar do efêmero, esta é a minha tarefa neste blog. Discutir um espetáculo teatral é tentar apreender o fugidio, não é falar de um texto impresso, de uma cena que se pode voltar com o auxílio da tecnologia, é, ao contrário, chamar a atenção para o momento de beleza e arrebatamento que só os grandes espetáculos conseguem. Grande é entendido aqui como toda obra teatral que no momento exato de sua realização consegue apanhar a nossa consciência e faze-la lançar um olhar sobre si mesma, sobre sua condição humana, transformando-a.
Convido a todos a exercitarem os sentidos e a razão nessa captura do fugidio.
A todos os que sempre tornaram possível a realização da Semana Luiz Antônio...
Flávia Marquetti
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